Edgard de Gouveia Varela nasceu em
Ceará-Mirim no dia 20 (vinte) de abril de 1911, filho de Elisa Bandeira de
Mello Varela e de Luis de Gouveia Varela (conhecido por Lucas), descendentes em
linha direta do Barão de Ceará-Mirim.
Seus primeiros estudos foram realizados ainda em Ceará-Mirim e continuados em
Natal, pois precisava preparar-se para assumir os negócios da família, tal qual
o comércio açucareiro um dos grandes mercados do Rio Grande do Norte. A
referida fonte de produtividade estava baseada na usina São Francisco, à época
propriedade do senador e ex-prefeito de Ceará-Mirim Luiz Lopes Varela.
Edgard Varela sempre esteve vinculado aos negócios da família, cujo local de
prestação de serviços, acontecia no prédio construído pelo Barão de Ceará-Mirim
para ser sua residência – onde também residiu Luiz Varela com sua família.
Edgar Varela sempre exerceu cargos de extrema confiança na diretoria da usina.
Era conhecido pelos métodos austeros, honestos com que sempre se desincumbiu de
suas tarefas. Sua experiência em cargos privados, possibilita de modo inusitado
o seu ingresso no serviço público quando assume, por escolha da população, a
prefeitura de Ceará-Mirim, em março de 1958, ali permanecendo até março de
1963.
Até hoje é considerado, pela população, o maior prefeito de Ceará-Mirim, por
suas qualidades objetivas e técnicas no trato com a cidade e suas prioridades.
Vale ressaltar que em seu primeiro mandato, deu-se a compra de um motor a óleo
diesel para iluminação pública da cidade. A energia de Paulo Afonso/CHESF chegaria
à Ceará-Mirim em meados dos anos 60, por determinação do governador Aluizio
Alves. Vale ressaltar que também foi sob sua gestão que se construíram escolas
em diversas comunidades, como Capela, Matas, Mineiro e Coqueiros. Ao mesmo
tempo, abria estradas vicinais interligando locais de difícil acesso para a
população dos diversos distritos e fazendas, facilitando desta feita, o escoamento
da produção local e o trajeto dos moradores da zuna rural. Dentre as estradas
rurais, as mais importantes foram as de Primeira Lagoa, Aningas, Jacumã e a
recuperação da estrada de Muriú.
Edgard Varela concluiu seu primeiro mandato deixando as finanças saneadas, os
funcionários com seus pagamentos em dia e a cidade com um aspecto mais moderno
em razão do alargamento de algumas ruas, bem como a pavimentação das mesmas,
além de outras que foram sendo abertas na parte alta da cidade, pretendendo com
isso urbanizar a parte mais afastada do centro administrativo, histórico e
comercial de Ceará-Mirim. Nesta época, a Prefeitura funcionava no prédio da
antiga Intendência Municipal, onde hoje é abrigada a Câmara de Vereadores.
Edgard de Gouveia Varela retorna as hostes da administração municipal de sua
terra Ceará-Mirim, em janeiro de 1977, por escolha dos seus conterrâneos,
recebendo o cargo do seu antecessor, Ruy Pereira Júnior (Ruyzinho), e ali
permaneceu até janeiro de 1983 quando foi substituído por seu primo, Roberto
Pereira Varela.
Nessa segunda gestão, Edgard Varela passa a governar a cidade, no prédio do
antigo solar da família Antunes, localizado na rua General João Varela. O
referido prédio – hoje chamado de Palácio Antunes – passa a ser a sede do poder
municipal, em razão de doação efetuada pelo industrial Ruy Antunes Pereira.
Sua segunda gestão não deferiu muito da primeira: austeridade, zelo com o
patrimônio público, honrando sobremaneira os compromissos firmados. Durante sua
segunda gestão o município recebeu cuidados na área urbana, ruas sempre limpas,
praças bem cuidadas e com vigilância, além do pagamento dos funcionários
efetuados rigorosamente dentro do mês trabalhado. Várias ruas e avenidas foram
abertas e pavimentadas proporcionando uma maior integração entre os bairros que
timidamente iam surgindo.
Edgar Varela construiu um novo matadouro municipal, substituindo o antigo e
obsoleto – fora construído em 1935 pelo então prefeito Luiz Lopes Varela. Para
a venda de carnes, peixes e frangos, criou o “Centro de Abastecimento”,
dotando-o com equipamentos modernos, onde priorizou a higiene do local e o
controle sanitário. A referida medida objetivava a extinção dos abatedouros
clandestinos. Também restaurou o Cemitério Santa Águeda, reordenando suas vias
de passagens e realizou a construção de um novo Cemitério Parque.
Novas praças foram construídas: a Barão de Ceará-Mirim (em frente à matriz), a
Monsenhor Celso Cicco (ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Conceição) e a
Onofre José Soares (em frente ao Palácio Antunes, a antiga praça de Jeeps). Em
Muriú instalou um posto telefônico, para atender às demandas de ligações dos moradores
e veranistas e restaurou e ampliou a Escola Municipal dr. Augusto Meira.
Segundo sua prima Marilda Varela Pagani (Marildinha), Edgar Varela, apesar do
seu jeito austero, na intimidade era uma pessoa bastante alegre e um bom
piadista, dono de uma irreverência ímpar e gostava muito de comemorar o seu
aniversário.
Era casado com Flora Varela com quem viveu até a sua morte, ocorrida no dia 19
(dezenove) de outubro de 1983.
Seus restos mortais repousam no Cemitério Santa Águeda em Ceará-Mirim.
FONTE – ACLA PEDRO SIMÕES NETO